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IMPRENSA: Cinquenta jornalistas foram assassinados durante o ano de 2020
Com 50 jornalistas assassinados em 2020, a maioria em países que não estão em guerra, e quase 400 detidos, segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), o ano também será recordado pelas múltiplas violações do direito à informação.
O número permanece estável em comparação aos 53 jornalistas assassinados no ano passado, embora em 2020 tenham acontecido menos reportagens devido à pandemia de covid-19, constata a RSF em seu balanço anual, publicado nesta terça-feira (29). Em 10 anos, a ONG registrou 937 jornalistas assassinados.
O percentual de profissionais da imprensa mortos em países em guerra diminui desde 2016, passando de 58% a 32% nos últimos quatros anos em países como Síria, Iêmen ou outras “zonas afetadas por conflitos de intensidade baixa ou média”, como Afeganistão ou Iraque.
Em 2020, 34 jornalistas (68% do total) morreram em países que estão em paz, destaca a RSF, que estabeleceu o balanço de 1 de janeiro a 15 de dezembro.
ASSASSINATOS “PARTICULARMENTE BÁRBAROS”
Entre os jornalistas que perderam a vida em 2020, 84% foram assassinados de maneira deliberada – em 2019 o índice foi 63%.
“Alguns morreram em condições particularmente bárbaras”, lamenta a RSF. Este foi o caso do repórter mexicano Julio Valdivia Rodríguez, do jornal El Mundo de Veracruz, que foi decapitado na região sudeste do país, e de seu compatriota Víctor Fernando Álvarez Chávez, que foi esquartejado na cidade de Acapulco.
Na Índia, o jornalista Rakesh Singh “Nirbhik” foi “queimado vivo” e o repórter Isravel Moses, correspondente do canal de televisão de Tamil Nadu, foi assassinado com um machado, denuncia RSF.
O Irã também condenou à morte e executou por enforcamento o diretor do canal do Telegram Amadnews, Ruhollah Zam.
O México foi o país com mais jornalistas assassinados, com oito, seguido por Índia (4), Paquistão (4), Filipinas (3) e Honduras (3).
” Uma parte do público considera que os jornalistas são vítimas dos riscos da profissão, apesar de cada vez mais serem alvos de ataques quando estão investigando ou fazendo reportagens sobre temas sensíveis. O que acaba sendo enfraquecido é direito à informação”, denuncia Christophe Deloire, secretário-geral da RSF.
Quase 20 repórteres investigativos foram assassinados nos últimos 12 anos. Dez estavam investigando casos de corrupção local, quatro trabalharam em matérias sobre a máfia e o crime organizado e três sobre temas relacionados com o meio ambiente.
A RSF também informa a morte de sete jornalistas no momento em que cobriam manifestações no Iraque, Nigéria e Colômbia, um “fato novo”, destaca a ONG.
AS CONSEQUÊNCIAS DA COVID-19
Na primeira parte do balanço anual, publicado em meados de dezembro, a RSF já havia lamentado a detenção de 387 jornalistas durante o ano, um “número historicamente elevado”.
A ONG também destaca as consequências da pandemia, com um “pico nada desprezível de violações da liberdade da imprensa”, favorecido por “leis de exceção ou pelas medidas de emergência adotadas” na maioria dos países.
De acordo com a RSF, que em março criou o Observatório 19, dedicado ao tema, as detenções quadruplicaram entre março e maio.
“De mais de 300 incidentes diretamente relacionados com a cobertura jornalística da crise de saúde entre fevereiro e o fim de novembro, nos quais estiveram envolvidos quase 450 jornalistas, as detenções e prisões arbitrárias representam 35% dos abusos registrados” (à frente da violência física ou psíquica)”.
“A liberdade de imprensa está em declínio em todas as partes”, adverte também em seu relatório anual a Federação Internacional de Jornalismo, que contabiliza 2.658 profissionais da imprensa mortos desde 1990. Segundo a organização, 90% dos assassinatos “foram pouco investigados ou não foram investigados em absoluto”.
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